quinta-feira, junho 30, 2005

Do outro lado da mesa...


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Do outro lado da mesa, tu.

Observo-te como uma estranha.

Anoto-te num pedaço de papel e escrevo o que me passas pelos olhos, pelo pensamento.

A todos os pensamentos a que me submeto.

Longe de ti e do mundo. Sigo-te mas tento sentir-te isoladamente de mim.

Procuro no teu riso, a naturalidade duma gargalhada feita de sonhos bons. De uma lua ideal.

Procuro esperança, no que dizes com os olhos. Como um caleidoscópio de cores que te enfeitiça.

Procuro sentir se sentes, que és capaz de enfrentar as incertezas, se sabes por onde queres ir.

Procuro entender as tuas lágrimas e todas as tuas horas.

Procuro levantar-te quando cais e não tens forças.

Procuro as tuas palavras perdidas que sei que ainda guardas.

 

 

Do outro lado da mesa,

ausento-me de mim, observo-me e ...

Anoto-me.                

 

9 Comments:

  • Achei sublime, ausentarmo-nos de nós é algo que por vezes precisamos fazer, talves assim nos encontramos naqueles que estão do outro lado da mesa.

    By Anonymous Anónimo, at 30 junho, 2005 17:45  

  • a ausência é um sentimento que me persegue todos os dias. e a ti?

    By Blogger laura, at 30 junho, 2005 18:56  

  • Por vezes não consigo anotar-me. Apesar de hoje conseguir ausentar-me de mim. Mas por vezes a leitura é demasiada complexa e complicada. Talvez porque nesse processo não me tenha realmente conseguido ausentar-me de mim. Mas isto é no limite.

    No sentido lato, necessito desse ausentar também. Acho que é essencial até para a compreensão dos outros. A compreensão da linguagem do outro passa necessariamente pela compreensão da nossa própria linguagem. Apenas assim conseguiremos descodificar a comunicação. Porque ela não se faz apenas pelas palavras. Estas são demasiado "fechadas" para a explicação plena. Sentir é também uma forma de compreensão. Se calhar a principal. Como tudo o que procuras no teu texto.
    Mas para compreender o "sentir" temos que nos descodificar.

    Mas sem dúvida que o processo passa pelo que dizes. Como se começassemos numa folha em branco, numa qualquer mesa, com um qualquer café. Belo, por sinal.

    TI

    By Anonymous Anónimo, at 30 junho, 2005 21:57  

  • Quantas vezes tb me ausento de mim e me observo...
    E nem tudo se entende...

    By Anonymous Anónimo, at 30 junho, 2005 22:39  

  • Muito bonito, este olhar para o outro, tentando entendê-lo e entendermo-nos. Com pausas. De forma expectante,por vezes ansiosa.
    A foto é linda e o post resulta num belíssimo lirismo derramado sobre o quotidiano. Um beijinho :-)

    By Anonymous Anónimo, at 01 julho, 2005 00:20  

  • Essa procura é constante, voraz, fugaz. Uma dualidade nossa e dos outros, vi-te ali e vi-me ;)Belo texto

    By Anonymous Anónimo, at 01 julho, 2005 14:04  

  • Lexotan,

    Às vezes precisava de me ausentar mais de mim, para me (re) avaliar e me (re) conhecer.

    Pedro,
    TI :)

    Obrigada a todos sempre, pelas vossas palavras.

    By Blogger carlag, at 01 julho, 2005 17:25  

  • Eu ausentei-me ontem!
    Estou a voltar lentamente a mim, e gostei da viagem, estar fora de nós é tão bom, mesmo que a reentrada custe tanto!
    Alegra-te!
    Vá lá só um sorrisinho!
    Beijinho

    By Blogger Canis Lupus Horribilis, at 01 julho, 2005 18:39  

  • Faz-me lembrar tantos momentos meus tb... :)

    A foto é linda!

    By Anonymous Anónimo, at 03 julho, 2005 16:57  

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