quarta-feira, abril 20, 2005

Na plateia...

Assisto ao meu próprio filme.

Memórias. Pedaços. Meus.

A fita encrava por instantes. Há momentos que não consigo lembrar.

Páginas de vida, vividas. Muito.Outras, não tanto.

Algumas que quero guardar. Comigo. Até, que eu não exista, mais.

Outras, mergulhei-as no fundo de mim.

O filme avança. Vejo-me pequenina. Franja no cabelo. Quatro anos de idade.

O barulho da sirene da ambulância. O cheiro da sardinha e da espinha que me ficou cravada na garganta.

Na maca de um hospital. Uma cirurgia. A máscara no nariz. A minha resistência ao sono. Os médicos e os bisturis.

Uma ida ao infantário. O copo. De plástico, vermelho. Cheio de leite. Derramado no chão. Queria ficar por perto. Perto da minha mãe.

Um Natal. E o desejado jogo da Abelha Maia. Pesadelos durante a noite... E um pai, protector.

Uma discussão, deles. Feia. Que não esqueci.

A fita passa. Mas só mais à frente, consigo ter imagens concretas. Eu e os meus nove, dez, doze anos...

As galochas vermelhas e brancas, cheias de água. Os piqueniques, depois das aulas. O cão Feedback. As brincadeiras de rua. Outros amigos. A paixão, secreta. O primeiro amigo namorado. As matinées.

O filme continua . E adiante, tudo me parece ainda tão recente. Vejo, imagens precisas, nítidas, brilhantes. Imagens de mim. Vejo-me.

A fita passa. Solto gargalhas. Perco lágrimas. Guardo saudades. Afasto tristezas.Vivo!

E o filme, continua a rodar...  

    


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