Hoje, sábado
Almoço e cinema a dois.
Do outro lado da linha.
Ouvi a tua voz.
Gostei de saber de ti. Saberes de mim. Sabermos de nós.
Já não me lembrava quando foi a última vez...
Do outro lado da linha.
Senti-nos mais perto. Mais próximo do que temos.
Do que não sabia, se ainda tinhamos...
Do outro lado da linha.
O tanto que dissemos e não dissemos.
Do outro lado da linha.
Pipipipippipipipipi...
Desligámos.
E, eu não te disse, o quanto me é importante a nossa amizade.
Parece-me que também fui apanhada, nas teias desta corrente literária.
Quem me lançou este desafio foi a Diabinha. Então, aqui fica.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
A ser um livro, seria um livro em branco. Um discreto livro preto, com páginas de papel reciclado. Ou então, um Diário Íntimo de folhas amarelecidas, de alguém banal que escrevesse com alma.
Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?
Nunca me aconteceu. E ainda bem.
Qual foi o último livro que compraste?
O grande livro da Criança de T. Berry Brazelton
Qual o(s) último(s) livro(s) que leste?
A linguagem dos pássaros de Ana Teresa Pereira e O método Brazelton - a criança e o sono.
Quais os livros que estás a ler?
Morreste-me de José Luís Peixoto
Cinco livros que levarias para uma ilha:
Depende sempre, se iria sozinha e por quanto tempo...
Mas supondo que estaria sozinha, por um tempo indeterminado,
levaria todos aqueles que comecei e que ficaram a meio, contam como um.
Do mal o menos de Pedro Paixão.
Rosas Mortas de Ana Teresa Pereira.
Histórias dele, em folhas soltas, dactilografadas à máquina.
Qualquer um de Calvin & Hobbes, porque nem tudo precisa de ser sério.
E porque, na minha vida a imagem tem um papel importante, levava um especial e que nada tem a ver com o contexto de uma ilha - New York de Lance Lensfield.
Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê:
Escolho-os, porque os três são distintos. E leio-os (quase) diariamente.
Um passeio, num fim de tarde. E, nós.
No rádio, músicas de um filme guardado no tempo.
No íntimo, de mim, um harmonioso bem estar.
Percorre-me, tranquilidade. Paz.
A beleza própria deste instante, lembra-me a plenitude indizível...
...A que senti, quando te vi pela primeira vez no meu útero.
Parabéns, Aragana.
Ofereço-te este baú, cheio de pequenas, grandes coisas.
Coisas que desejes.
Dele, só tu terás a chave...
Um dia feliz!
Comprei-lhe este modelito.
( Duvido, é que os vá usar )...
Shiuuuuuuuuuu.
Há coisas que mudam ! Para sempre.
Coisas que, mexidas, remexidas, retiradas do seu lugar, não voltam a ser as mesmas.
Coisas que, repostas se tornam outras, sempre diferentes, do que eram e do que foram.
Por vezes, sinto-lhe a falta...
Assisto ao meu próprio filme.
Memórias. Pedaços. Meus.
A fita encrava por instantes. Há momentos que não consigo lembrar.
Páginas de vida, vividas. Muito.Outras, não tanto.
Algumas que quero guardar. Comigo. Até, que eu não exista, mais.
Outras, mergulhei-as no fundo de mim.
O filme avança. Vejo-me pequenina. Franja no cabelo. Quatro anos de idade.
O barulho da sirene da ambulância. O cheiro da sardinha e da espinha que me ficou cravada na garganta.
Na maca de um hospital. Uma cirurgia. A máscara no nariz. A minha resistência ao sono. Os médicos e os bisturis.
Uma ida ao infantário. O copo. De plástico, vermelho. Cheio de leite. Derramado no chão. Queria ficar por perto. Perto da minha mãe.
Um Natal. E o desejado jogo da Abelha Maia. Pesadelos durante a noite... E um pai, protector.
Uma discussão, deles. Feia. Que não esqueci.
A fita passa. Mas só mais à frente, consigo ter imagens concretas. Eu e os meus nove, dez, doze anos...
As galochas vermelhas e brancas, cheias de água. Os piqueniques, depois das aulas. O cão Feedback. As brincadeiras de rua. Outros amigos. A paixão, secreta. O primeiro amigo namorado. As matinées.
O filme continua . E adiante, tudo me parece ainda tão recente. Vejo, imagens precisas, nítidas, brilhantes. Imagens de mim. Vejo-me.
A fita passa. Solto gargalhas. Perco lágrimas. Guardo saudades. Afasto tristezas.Vivo!
E o filme, continua a rodar...
Dançamos?
Eu, vestida de Lua. Tu, de Sol.
Dançamos?
Neste pedaço de Céu, em palco de nuvens.
Só nosso.
Aceitas?
Já noite...Ponteiros de um relógio que se arrastam. Uma mensagem escrita.
Já tarde...As tuas chaves à porta.
O abraço. Um. Dois. Muitos.
Uma mala deixada no hall.
Uma cama vazia. E nós.
Desejo. Palavras ditas. Não ditas. Sussurros. Roupas espalhadas. Lençóis desfeitos...
E nós. Juntos. Dois.Um, só.
De novo.
A cada passo da tua independência, sinto-te assim, um pequeno Homem.
E, fico tão orgulhosa. De ti...e de mim.
Esta noite sem ti. Esta noite, sem nós.
Eu sabia que não vinhas, mas mesmo assim, fiquei à tua espera.
Esperei, como espero todas as noites. Esperei-te aqui.
Nas mãos, um livro, que teimava em me fazer companhia. E o sono, que insistia em não chegar.
Pensei em nós. Invadiste-me o pensamento e sinto que quando não estás, parece-me cruel a tua ausência. Sinto a tua falta. A nossa falta.
Sinto, que os nossos dias, os nossos meses, os nossos anos...Nos têm dado tanto...
Um tanto, que nem sempre agarramos como deveríamos.
Um tanto, que em momentos fica mais além.
Um tanto, do qual às vezes tenho medo de falar.
A noite foi longa e fria. Sem ti!
E isso, foi tudo.
Acordei aqui... Entre os nossos lençóis brancos, a manta vermelha e o livro esquecido.
Vives cá em casa, há alguns anos. Desde que te conheci, sempre disse que não iria encher-te com ímans de frutinhas, flores ou bonecos. E, não o fiz.
Ambientaste-te aqui, ao teu espaço. E eu, a ti.
Vives-me. Vives comigo todos os dias, os bons e os menos bons.
Olho para ti e isso é real. Tens tantas vivências minhas. Tantas vivências nossas, os cá de casa.
Deixo em ti, muitas das coisas que não quero esquecer. Muitas coisas, que me quero lembrar. Muitas coisas que quero ou tenho de fazer.
Vives com postais coloridos.
Vives com viagens, ímans redondos, calendário do ano, e números de take away.
Vives com imagens felizes...
E quando algo não foi dito, confiamos-te post-its, a dizer qualquer coisa do género...
Não te esqueças de...ou...Não te esqueças que...
...precisava... de tomar um banho demorado, com bolinhas de sais e pétalas de flor.
Hoje, precisava... de ter uma longa conversa. Eu e o espelho.
Hoje, precisava... de espalhar o creme, pôr o perfume sem a habitual azáfama.
Hoje, precisava... de pintar as unhas dos pés, vestir a lingerie de fantasia preta, sair à rua com uma roupa nova e um gloss nos lábios.
Hoje, precisava... de me passear por esplanadas, à beira rio...Beber um batido de morango, folhear uma revista cor-de-rosa...Observar vidas, ver pessoas.
Hoje, precisava... de andar descalça e sentir o vento na cara...
Hoje, precisava... de jantar à luz de velas, no meu restaurante Italiano preferido.
Futilidades? Algumas, talvez...
Mas hoje, precisava... de me renovar.
Hoje, precisava... de me dedicar o dia.
Ouvi este poema pela primeira vez, há 14 anos atrás.
Ouvi-o, pelo auscultador, de um telefone, duma antiga cabine, de rua.
Contudo, nunca o esqueci... Ficou comigo.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever , por
exemplo: «A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao
longe.»
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os
versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por
vezes ela também me amou.
Em noites como esta
tive-a eu nos meus braços.
Beijei-a tantas
vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por
vezes eu também a amava.
Como não ter amado
os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os
versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a
tenho. Sentir que a perdi já.
Ouvir a noite
imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai da
alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu
amor não pudesse guardá-la.
A noite está
estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao
longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se
contenta como havê-la perdido.
Como para lhe chegar
ao pé, o meu olhar procura-a.
O meu coração
procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite que
faz branquejar as mesmas árvores.
Nós os dois, os de
então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é
verdade, mas tanto que eu a amei.
Esta voz buscava o
vento para tocar-lhe ao ouvido.
De outro. Será de
outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo
claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é
verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor,
tão longo o esquecimento.
Porque em noites
como esta , tive-a nos meus braços,
a minha alma não se
contenta em tê-la perdido.
Embora esta seja a
última dor que ela me causa,
e estes sejam os
últimos versos que lhe escrevo.
Posso escrever os versos
Pablo Neruda
Gosto da Noite. Gosto das Noites.
Sempre achei, que à volta dela (s) , ronda um pouco de magia e misticidade.
A escuridão infinita, a imensidão de luzes, o silêncio, as estrelas, a metade de lua, envolvem-me os sentidos.
Noites agitadas. Noites sem nome. Noites solitárias. Noites sem chegada. Noites urgentes. Vivi-as.
Hoje, simplesmente, preciso de Noites tranquilas. De Noites dialogadas. De Noites doces...
Será a idade a pesar?
Gosto destas tardes amenas, que se demoram.
As nuvens do fim de dia, ganham formas de algodão e cores suaves.
Depois de jantares, ficamos os dois, aqui, juntos. Tu e eu, a vermos o sol ir embora. Aos poucos. Devagarinho...
O Dom. O teu.
... Encantas-me. Entristeces-me. Conquistas-me. Comoves-me. Alegras-me. Deprimes-me. Seduzes-me. Enlouqueces-me. Consomes-me. Divertes-me. Afundas-me. Apaixonas-me...
O Dom. O teu. Guarda-o. Contigo.
Sempre.
Sinto-me bem comigo, quando de alguma forma positiva, ajudo o próximo.
No mês passado, aderi ao Cartão Solidário e com este simples gesto, estou a dar às crianças com cancro, às vítimas de crime, à deficiência mental e a todos os portadores de HIV, uma oportunidade para sorrirem.
Decidi também, que a partir de agora, vou comprar mensalmente a revista Cais.
Amigos. Muitos. Poucos. Bons amigos.
Alguém, com uma agenda repleta de contactos, amigos, conhecidos, desconhecidos ...apaixonou-se, um dia.
A dita agenda, ficou adormecida, esquecida no fundo de uma gaveta...
Esse alguém, desapaixonou-se, outro dia. Procurou a agenda, mas a mesma deixou de fazer sentido. Os amigos, partiram .
Os conhecidos foram riscados. Os restantes, apagados.
Tenho amigos. Alguns. E bons.
Às vezes pergunto-me se lhes dou o meu melhor, se o que faço por eles, é o suficiente. Ou não.
Outras pergunto-me, se o que me dão, é o que preciso. Se o que tenho deles, me faz ter vontade de ficar por perto, de lhes sorrir, de lhes dar o meu ombro.
Sinto que, por momentos me desiludo. Por outras, me desiludem...
Tento não me esquecer...que os amigos, ganham-se. Os amigos perdem-se. Os amigos não ficam para sempre.